quinta-feira, 5 de abril de 2012

DESENHOS DOTADOS DE EMOÇÃO






Por Ordachson Gonçalves


Caneta esferográfica, lápis, nanquim e mistura aquarela dão vida a personagens cheios de sentimentos e estado de espírito. A desenhista e artista plástica Carol Belmondo utiliza-se das formas mais simples de se fazer arte-plástica para expressar sensações bastante comuns da natureza humana, como melancolia, tédio, inércia ou desamparo.

Recentemente seus trabalhos foram selecionados para compor o livro Antologia Rabiscos de desenho e arte contemporânea, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a feirense de 23 anos já participou de algumas exposições individuais e coletivas como a 1º Bienal de Arte e Design (EBA- UFBA, 2008), Mostra de Esculturas (Museu Eugênio Teixeira Leal, 2009), além de Embalos da tarde vazia (MAC-FSA, 2011).

Entretanto, a artista da era digital utiliza a internet como principal ferramenta de divulgação do seu trabalho. Carol publica todos os seus desenhos no blog: http://quaseumacatarse.blogspot.com.br. Seus personagens se destacam por gestos peculiares e expressões próprias, e o cenário é sempre coerente com o sentimento expressado.

A técnica aplicada parece se encaixar perfeitamente dentro da proposta da artista: desenhos simples, mas sem perder a temática. Carol salienta que o envolvimento com o tema resulta em uma auto-retratação em alguns momentos. “Exploro a figura humana através de temáticas que constituem a existência, como a solidão e a afetividade. A experimentação de materiais também se faz presente, o uso de diferenciados tipos de papel que servem de suporte para o desenho são usados, a exemplo do papel manteiga”, explica.

A característica predominante é o foco no ser humano, principalmente nos aspectos emocionais. “O momento de tédio, de inércia, de pessoas que estão passando por conflitos e eu tento de alguma forma retratar as suas personalidades”, pontua. Os tons sutis e uma ironia comedida também são aspectos facilmente percebidos nos trabalhos de Carol.

O escritor feirense Ederval Fernandes, que assina um dos textos de apresentação da artista, ressalta que a arte de Carol não busca a anatomia perfeita. “São pessoas envoltas em seus dilemas, não apenas curvas sólidas, sem paixão ou tristeza, recipientes de técnicas. São figuras humanas compostas com muita delicadeza para que se transpareçam não suas fisionomias, mas seus temperamentos”, define.

A produção artística de Carol Belmondo concentra-se no desenho e na pintura, mas também flerta com a fotografia. A influência da ‘pop art’ e do grafismo é nítida em seus trabalhos. “As pessoas são sua matéria de trabalho, seu objeto de estudo, sua fonte de espanto”, descreve Ederval.

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