segunda-feira, 29 de abril de 2013

A OSTRA E AS PÉROLAS



"Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas."

Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, ás células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

O mesmo pode acontecer conosco. Se você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Você já sofreu o duro golpe do preconceito? Já recebeu o troco da indiferença?

Então, produza uma pérola !

Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.

Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias", não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor. Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras!

(Anônimo)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

ZERO HORA, PATRIMÔNIO DA IMPRENSA




Radialistas Vilma Soares e Paulo Silva, rei e rainha do Zero Hora 2013

Há muito tempo eu não sentia a empolgação do clima micaretesco. Nos últimos anos, o envolvimento com a festa era meramente profissional. Nada que lembrasse os bons e velhos tempos em que nós, os profissionais de comunicação, nos reuníamos para curtir, antes de todos os outros foliões, a maior Micareta do Brasil. O melhor de tudo era a concentração. O cansaço do trabalho na véspera da abertura oficial da festa desaparecia em meio aos abraços dos colegas e cumprimentos dos políticos – eram tantos, bem mais que hoje, e pagavam caro pela camisa do bloco para estar com a imprensa. Era status!

Ao longo do tempo as coisas mudaram, bem como a Micareta, obviamente. O Bloco Zero Hora deixou de fazer jus ao nome e passou a ir para a avenida 8 da noite. Protestos à parte, foi assim durante alguns anos. Deu espaço até para surgir um, digamos, genérico – similar seria mais apropriado, talvez – com o sugestivo nome de Filhos da Pauta. Bem interessante: consistia em reunir a turma em um ponto estratégico, uma espécie de concentração, com bandinha e tudo. Deu certo, durou algum tempo, mas este ano não aconteceu.

O fato é que o Zero Hora, formado por jornalistas, radialistas e convidados, voltou a sair exatamente à meia noite, na quarta-feira (24), abrindo extra-oficialmente a Micareta de Feira de Santana. Graças ao trabalho de uma comissão muito bem articulada – peço licença aos demais para citar Framário Mendes, Wilson Passos, Jorge Teles e Jailza Alcântara – o bloco resgatou a tradição e voltou ao circuito da folia com todo gás. Voltou também a empolgação.

Até a forte chuva eu enfrentaria, não fossem compromissos familiares de última hora, para reviver emoções que mais de três décadas não conseguiram apagar da memória – minha e de tantos companheiros...  E vendo as fotos dos colegas na concentração e na avenida, percebi claramente que todos compartilhavam sentimentos semelhantes. Afinal, o Zero Hora não é somente um bloco micaretesco. É um patrimônio da imprensa feirense.

Madalena de Jesus, jornalista e radialista



quarta-feira, 24 de abril de 2013

TOCANDO EM FRENTE





Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz


Almir Sater



terça-feira, 23 de abril de 2013

O HOMEM NU


























Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:

— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.

— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!

— Isso é que não — repetiu, furioso.

Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.

— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:

— Valha-me Deus! O padeiro está nu!

E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

— É um tarado!

— Olha, que horror!

— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!

Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.

Fernando Sabino


sexta-feira, 19 de abril de 2013

TODO DIA É DIA DE ÍNDIO




19 de abril: Dia do Índio

A data, celebrada todo 19 de abril, foi criada em 2 de junho de 1943 e festejada oficialmente pela primeira vez no ano seguinte. A homenagem – instituída pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, por meio do Decreto-Lei número 5.540 – baseou-se no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, reunido no México, em 1940.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A VIDA É UM PISCA-PISCA





18 de abril - Dia Nacional do Livro Infantil

"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. 
A gente nasce, isto é, começa a piscar. 
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. 
Piscar é abrir e fechar os olhos. Viver é isso. 
É um dorme e acorda, dorme e acorda.
Até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. 
Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. 
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda.
Pisca e ama, pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos.
Por fim, pisca pela última vez e morre. 
– E depois que morre? - perguntou o Visconde. 
– Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

(Monteiro Lobato)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

UBUNTU: EU SOU PORQUE NÓS SOMOS



Um antropólogo fez uma brincadeira com as crianças de uma tribo africana. Ele colocou um cesto cheio de frutas junto a uma árvore e disse para as crianças que a primeira que chegasse na árvore ganharia todas as frutas. Dado o sinal, todas as crianças sairam ao mesmo tempo ... e de mãos dadas! Então sentaram-se juntas para aproveitar a recompensa. Quando o antropólogo perguntou porque eles haviam agido desta forma sabendo que um entre eles poderia ter todos os frutos para si, eles responderam: "Ubuntu, como um de nós pode ser feliz se todos os outros estiverem tristes?"

UBUNTU na cultura Xhosa significa: "Eu sou porque nós somos."

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A HISTÓRIA PASSADA A LIMPO



Alana Freitas


Lado a Lado: Matrizes do Brasil contemporâneo

A novela Lado a Lado escrita pelos novos autores, João Ximenes Braga e Claudia Lage, cumpriu com maestria sua função artística de entretimento e informação simultaneamente. Com enredo desenvolvido no início do século vinte, trouxe à discussão todas as questões pulsantes daquela época e que ainda ecoam com força cem anos depois.

Ancorada em sólida pesquisa histórica, o texto reviveu páginas marcantes de nossa História, percorrendo grandes fatos como a chegada da República, as reformas urbanas de Pereira Passos (o bota-abaixo), a Revolta da vacina e a Revolta da chibata e, sobretudo, mostrando como esses eventos repercutiam no cotidiano da sociedade da época.

Construída através de personagens extremamente simbólicos, trabalhando o binômio expresso no título, buscou sempre trazer à tona esses múltiplos lados que compõem o Brasil. Do lado da Rua do Ouvidor, a Baronesa da Boa Vista, que ironicamente recusava-se a enxergar as transformações pelas quais o país passava e sempre vociferava as máximas identitárias de nossa elite: “Sabe com quem está falando” e “Ponha-se no seu lugar”, Laura feminista-vanguardista lutava para ter vez e voz num mundo patriarcal, Bonifácio Vieira, protótipo dos nossos políticos corruptos que cobram suas vantagens em qualquer regime que vigore. Do lado da favela que começava a se formar, Berenice, ambiciosa a qualquer que fosse o preço, Isabel, lutando por sua felicidade e enfrentando todos os preconceitos, Caniço, o marginal ingênuo e manipulável. Observemos que tais personagens perverte a ideia de maniqueísmo, pois o bem e mal estão no humano e não nas classes sociais.

Sem abandonar os expedientes caros de todo bom folhetim, como os amores românticos, as cartas roubadas, a bastardia, a falsa beata, a solteirona encalhada, a redenção dos humilhados, as traições pérfidas, os segredos de família, os autores conseguiram ir muito além ao retratar um período histórico que é germe do nosso Brasil de hoje, nos fazendo pensar com bastante lucidez em temas como a intolerância religiosa (o casamento ecumênico foi emocionante), o papel decisivo da cultura africana, o sistema de cotas (a criação da escola no morro foi brilhantemente defendida na novela, inclusive com a chegada dos alunos adultos ex-escravos), o lugar da imprensa na formação da opinião pública, a relevância do futebol,  nossa tendência para a comédia no teatro entre outros aspectos.

Toda a novela é digna de elogios, os cenários, os figurinos, as cenas de rua com todos aquele burburinho de cidade moderna que surgia, a interpretação magistral dos atores (a Baronesa, insuportavelmente boa sem eu papel de vilã e Zé Navalha, magnífico em seus conflitos de herói frágil), parece ter saído de uma mistura das páginas de Machado de Assis, Lima Barreto e João do Rio, cronistas por excelência desse Brasil revelado na trama das seis.

E por fim é claro, um clássico final feliz para o regozijo dos telespectadores, os maus punidos e os bons em uma celebração vivificante e solar, pois ao menos na ficção, temos justiça nesse país.

Alana de O. Freitas El Fahl
Professora Adjunta de Literatura da Universidade Estadual de Feira de Santana alana_freitas@yahoo.com.br

sábado, 13 de abril de 2013

CALÇA LITERÁRIA



É assíduo leitor de blusas, camisas, saias, calças estampadas. Não lhe escapa um exemplar novo. Parece desligado, e observa tudo. Segundo ele, as peças de indumentária, masculina e feminina, ostentando símbolos e nomes de universidades americanas, manchetes, páginas de jornal, retratos de Pelé e Jimi Hendrix, apelos ao amor que não à guerra, etc., há muito deixaram de ser originais. Constituem invólucros rotineiros de pessoas de qualquer idade. A gente estranha é uma camisa inteiramente nua de dizeres ou figuras, a roupa que não diz nada, só roupa. Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, e não é ler apenas, é ver cinema e televisão, pois os corpos, ao se moverem, dinamizam as figuras estampadas. O que, de um modo ou de outro, contribui para a cultura de massas. Informa:

- Estou pensando em aproveitar esse material para fins especificamente didáticos. Através dele, ensinar Geografia, História, Matemática, Medicina de Urgência, Imposto de Renda, Ortografia Desmistificada, essas coisas. O indivíduo cobre-se e vai distribuindo ciência. Ou aprendendo. Vinte minutos no ônibus - que aula! Classes ao ar livre, na feira, na fila. Escola dinâmica.

- Você sozinho é um Mobral 1971.

- Ontem eu li uma calça comprida, de mulher, que à primeira vista não tinha nada de especial. Estava escrita como tantas outras. Mas o texto (não confundir com textura) me chamou a atenção. Geralmente, calças e blusas não são Iiterárias. Trazem notícias, anúncios, slogans, mas versos, ainda não tinha visto. Pois essa tinha poemas em português, de Camões ao Vinicius.

- Tomou nota?

- Claro. Aliás, a usuária foi muito gentil. Percebendo que eu mirava a parte inferior do seu revestimento, gratificou-me com um sorriso que eu traduzi assim: "Pode mirar mais." E eu mirei. Aí, puxei da caneta, e ela sorriu outra vez, como quem diz: "Pode copiar também." Copiei.

- Tudo?

- Tudo, não. A dona da calça estava sentada na sala de espera do cinema. Só o que era visível. Depois se levantou, foi ao bebedouro, deu tempo para eu colher mais alguma coisa, no ir e vir. Não tive coragem de pedir-lhe que desse umas voltas. Você compreende: sou tímido.

- Estou vendo.

- Foi a primeira calça literária, totalmente poética, do meu conhecimento. Feita em São Paulo? Talvez. Caracteres pretos sobre fundo branco. Versos em todas as direções. De Bilac, de Cecília, de Bandeira, de Castro Alves, de Fernando Pessoa. Uma antologia, bicho. Sem ordem, naturalmente. Escuta aí: Onde vais à tardezinha, morena flor do sertão? O que eu adoro em ti é a vida. Aqui outrora retumbaram hinos. Oh abelha imaginativa! o que o desejo inventa ... Vou-me embora pra Pasárgada. Amor é fogo que arde sem se ver. Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. No monte de amor andei, por ter de monteiro fama, sem tomar gamo nem gama. CIorindas e Belindas brincam no tempo das berlindas. Eu tenho amado tanto e não conheço o amor. Estrela Vésper do pastor errante. ’Tamos em pleno mar: dois infinitos ali se alteiam ...

- Beleza.

- Não é? Tem mais. Transforma-se o amador na coisa amada. Antônia, você parece uma lagarta listrada. Dona Janaína, rainha do mar, dai-me licença para eu também brincar no vosso reinado. Por que não nasci eu um simples vaga-Iume? Não queiras indagar do meu segredo. Mas que seja infinito enquanto dure. Cantando espalharei por toda parte. Tudo não escondido perde a graça. O cinantomo floresce em frente do teu postigo. Crisântemo divino aberto em meio da solidão ... Tinha uma pedra no meio do caminho.

- Isso já é prosa, amizade.

- É mesmo. Em todo caso, trata-se da primeira calça poética luso-brasileira. Os poetas que tratem de defender seus direitos autorais. A menos que considerem uma honra vestir de versos as mulheres.

Carlos Drumond de Andrade (Série Para Gostar de Ler, Vol. 4 – Crônicas)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A DOR DE PERDER PARA A MORTE


Gilmar Souza Costa, professor

A parte terrível da vida é ser assaltado pela morte. Receber a notícia da morte do grande amigo e irmão Vladmir Barros foi o golpe mais cruel dos últimos anos. É ilusão dizer que estamos preparados para perder alguém para a morte. Eu não estou, nunca estive e não creio que chegarei a este estágio.

Perder alguém a quem amamos não é tarefa fácil de se administrar. Mesmo consolados, a dor da saudade há de ferir a alma por longos anos, quiçá por toda a vida e ainda que nos esforcemos para trazer à memória apenas os bons momentos que vivemos com o querido que se foi isso ainda será sofrido. É aí que nos acusamos por não termos dito mais vezes do amor que sentíamos, por negarmos o carinho tantas vezes desejado, por termos escondido o sorriso que traria alegria à alma, por não termos passado mais tempo juntos, por termos colocado tanto peso em tudo, quando a vida é tão leve, por termos adiado tantas coisas que poderiam ter sido realizadas logo. 

A morte do meu amigo Vladmir me deixou desolado, perplexo, com dores, n´alma e me faz refletir sobre a brevidade da vida e como podemos torná-la melhor para os que estão ao nosso redor. Penso, agora, que podemos fazer um esforço maior para vê-los felizes, leves, aceitos, compreendidos, amados e que todo sacrifício que for empreendido será, sim recompensado.

Entendo, também, que se algo deve e pode ser feito, que seja agora, porque o amanhã nos reserva surpresas: Eu estava me programando para ir a São Paulo no sábado visitá-lo... Minha alegria (se é que posso chamar assim este momento tão terrível) é a certeza de que jamais ocultei meu respeito, minha admiração, o carinho, o amor, que nutria pelo amigo querido.

Eu fico aqui, com a dor (imensa) da saudade que ele já deixa e a falta que já faz!!


quinta-feira, 4 de abril de 2013

A MAGIA DAS FLORES TOMA CONTA DE FEIRA











Feira de Santana amanheceu mais florida na manhã desta quinta-feira (4). Mais de 200 espécies de flores, da mais comum à mais rara, estarão expostas até o dia 14 de abril, no estacionamento do Paço Municipal Maria Quitéria. A Feira de Flores de Holambra é realizada em todo o país. O evento em Feira de Santana acontece em parceria com o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (Cebuv).


Texto e fotos de Lorenna Nascimento

segunda-feira, 1 de abril de 2013

UMA SEMANA DE ARTES E CULTURA EM FEIRA DE SANTANA









A partir do próximo sábado (6 de abril), até o dia 13, será realizada em Feira de Santana a 3a Mostra Sesc de Artes - Aldeia Olhos D'Água. O evento, que faz parte do Projeto Palco Giratório, tem como principal objetivo fomentar as atividades culturais e artísticas nas mais variadas linguagens. 

Para você que gosta de boas apresentações musicais e grandes espetáculos de dança e teatro, a Mostra Aldeia Olhos D’Água levará ao público diversas opções em muitos espaços da cidade, como o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e praças públicas dos bairros Feira X e Cidade Nova. 
Na mostra deste ano se apresentarão grupos do Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina, além daqueles sediados na Bahia, em Salvador, Paulo Afonso e Feira de Santana.  
A 3ª Mostra SESC de Artes tem o apoio cultural do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Prefeitura Municipal de Feira de Santana, Rádio Subaé AM e TV Subaé. (Elsimar Pondé)
 Confira a programação completa:
Dia 06 de abril  / 20 horas
Local: Teatro de Arena do Cuca
Orquestra Brasileira de São Salvador / BA

Dia 07 de abril / 17h30Local: Praça do Transbordo, no bairro Cidade Nova
O Segredo da Arca de Trancoso
Com o grupo Grupo Vila Vox / BA

Dia 07 de Abril / 20 horas
Local: Foyer da CDL
Insone
Com o grupo Z de Teatro / ES

Dia 08 de Abril / 20 horas
Local: Teatro da CDL
Tombé
Com o grupo Dimenti / BA

Dia 09 de Abril / 16horasLocal: Praça do Transbordo da Cidade Nova
A Pereira da Tia Miséria
Com o grupo Núcleo Ás de Paus / PR

Dia 10 de Abril / 19 horas
Local: Teatro da CDL
Eles não querem nada!
Com o NESP – Núcleo de Estudos da Espetacularidade (Uefs) / BA

Dia 11 de Abril / 16 horas
Local: Praça João Barbosa de Carvalho (Praça do Fórum)
Amor por Anexins
Com o grupo Cirquinho do Revirado / SC

Dia 11 de Abril / 20 horas
Local: Teatro de Arena do Cuca
Encontro de Compositores - Edição Especial
Com Paulo Costa, Timbaúba, Marcel Torres, Rafael Damasceno e os convidados Pietro Leal e Aiace Felix e Anderson Cunha, do Grupo Sertanília

Dia 12 de Abril / 20horas
Local: Teatro do Cuca
A Cartomante
com o grupo Conto em Cena / BA

Dia 12 de abril / 21 horas
Local: Teatro de Arena do Cuca
Igor Gnomo & Group
Com o grupo JaRô Produções & Entretenimento / BA

Dia 13 de Abril / 16 horas

Local: Teatro de Arena do Cuca
Musical Canela Fina
Com o grupo Canela Fina / BA

Dia 13 de Abril / 20 horas
Local: Teatro de Arena do Cuca
Grupo de Percussão da UFBA / BA

Oficinas: Mostra SESCDia 05 de abril / 14 às 17 horas
Dia 07 de abril / 9 às 12 horas

Local: Sala 08 do Cuca
Oficina: Do Chão ao Vôo, Da palavra ao Corpo
Com o grupo Z de Teatro / ES

Dias 08 e 09 de abril / 09 às 12 horas
Local: Quadra Poliesportiva do SESC
Oficina: O Corpo Individual e Coletivo no Espaço
Com o grupo Núcleo Ás de Paus / PR

Dias 11 e 12 de abril / 09 às 13horas
Local: Quadra Poliesportiva do SESC
Oficina: Pernas de Pau
Com o grupo Cirquinho do Revirado / SC
Outras informações: 75 8112 5096 / 9121 8571 / 3622 1077