Professora Josinete Maria da Silva
Junto com os alunos, Josinete vem construindo, ao longo dos anos, uma didática inovadora em sala de aula. “Agora preste atenção/Chegou a hora de lembrar/A religião dos Egípcios/Devemos agora mostrar/Eles eram politeístas/Vários Deuses a acreditar”, declama ela, cheia de orgulho, versos do cordel produzido por um grupo de alunos da 5ª série. Já o resultado do que foi desenvolvido nas aulas.
As atividades das aulas de História não se limitam à produção de cordel, cujos temas vêm desde os povos pré-colombianos. São realizados seminários, exposições e palestras sobre esse estilo literário, com cordelistas conhecidos, como Franklin Machado e João José dos Santos (Azulão). O objetivo de Josinete, nesses 21 anos de Magistério, é simples: “Preservar a cultura nordestina”.
A primeira lição sobre cordel foi ainda nos tempos de menina, por volta dos oito, nove anos, quando o pai, “Seo” Carmosino, hoje com 100 anos, comprava os livretos nas feiras e levava para casa, mesmo não sabendo ler. “Eu ainda não dominava a leitura e pedia ajuda a Valda, que era bem mais velha. Ela lia, eu decorava e recitava para meu pai”, conta. Quando a sua estratégia foi descoberta, a pequena Juju já sabia ler de verdade. Muito mais tarde, descobriu que exercia uma função comum na literatura de cordel: era folheteira.
No cordel que conta “A História das Benzedeiras do Viveiros”, a professora Josinete vai além, mostrando uma crença secular preservada por essas mulheres destemidas e denunciando o preconceito de outros tempos, mas que ainda hoje se manifesta: “Por ser cultura de pobre/O preconceito surgiu/Início da Idade Média/Até a Igreja proibiu/A benzedeira da época/Chamada de curandeira/Com bravura prosseguiu”.
Mesmo fora da sala de aula, a educação é a mola propulsora das ações de Josinete. Participa de todas as ações da APLB Sindicato em defesa da categoria, encara os movimentos grevistas de frente - mesmo tendo o salário cortado - e isso também vira versos. “O Onze de Abril no Cordel do Professor”, por exemplo, conta a história da paralisação que durou mais de dois meses na Bahia.
Para Juju, como é conhecida entre amigos, o cordel pode ser até presente em datas significativas ou momentos marcantes. Várias pessoas já foram agraciadas com livretos contando a sua história, a exemplo do aposentado José Feliciano dos Santos e da psicóloga Meire Moura. A jornalista Aparecida Machado também foi presenteada com um cordel, ainda não publicado.
Madalena de Jesus