segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ORGULHO DE SER CORDELISTA




Durante 15 anos, Jurivaldo Alves da Silva manteve um ponto de venda de livretos de cordel em frente ao Mercado de Arte Popular, no centro de Feira de Santana. Este ano teve que deixar o local, por determinação do governo municipal. Mas ninguém pense que isso o esmoreceu para deixar a atividade. Pelo contrário, ele espera retornar, após a reforma do MAP, e enquanto isso vai por aí, de feira em feira, divulgando a literatura de cordel.

E foi na Feira do Livro que encontramos Jurivaldo, sorriso largo, de bem com a vida, cercado de cordel por todos os lados. Nem parece ter 67 anos. O entusiasmo ainda é o mesmo de quando tinha 12 anos e começou como folheteiro. “Rodolfo Cavalcante declamava e eu decorava”, lembra o cordelista, que tem apenas instrução primária. Na época inicial, conta, tropeçava em algumas palavras, mas com o tempo foi aperfeiçoando a leitura pela prática.

O cordel “E a terra vai brilhar outra vez com a vinda do Cometa Kohoutek”, de Rodolfo Coelho Cavalcante, lançado em 1973, mudou a vida de Jurivaldo, que foi vender a produção na cidade de Juazeiro. O sucesso foi tão grande que deu até para casar com Maria do Carmo Oliveira da Silva. “Na época soltaram o primeiro foguete brasileiro no Rio Grande do Norte e clareou o Nordeste inteiro”, lembra. Bem que isso dava um bom tema para um cordel...

Jurivaldo fala do cordel com uma mistura de amor e orgulho. E foram esses sentimentos que transmitiu à filha, Patrícia de Oliveira Silva, hoje com 38 anos, professora “e uma das 10 melhores cordelistas do Brasil”, diz, completando que ela já foi até premiada pela Academia Brasileira dos Cordelistas. Atualmente trabalham juntos, texto e capa dos livros.

O cordelista que também faz o Museu Itinerante do Cordel, com visita às escolas e incentivo à pesquisa sobre esse tipo de literatura, nasceu em Baixa Grande e correu mundo, mas foi em Feira de Santana que se encontrou. “Já vendi cordel até para francês”, conta, lamentando que a ex-senadora Marina da Silva o procurou para comprar um livro sobre meio ambiente e não o encontrou. Ainda está em tempo. Quem sabe da próxima vez.


Madalena de Jesus

Nenhum comentário:

Postar um comentário