quinta-feira, 26 de março de 2015

MUSEU REGIONAL DE ARTE REABRE EM ABRIL



Após dois anos fechado para reforma, o imponente prédio de estilo eclético que abriga o Museu Regional de Arte de Feira de Santana (MRA) será reinaugurado na segunda metade de abril. Além da restauração das instalações físicas, o acervo passou por um processo de conservação e restauro, de acordo com a museóloga Selma Oliveira, diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), entidade vinculada à Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

A análise técnica para conservação das obras foi realizada em 2014 pelo Instituto Cátedra, de Salvador, através do conservador-restaurador Orlando Ramos Filho, com experiência em entidades públicas e privadas de diversos estados brasileiros. Ele atuou em parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão responsável pela salvaguarda de bens culturais tangíveis e intangíveis e pela política pública estadual voltada ao patrimônio cultural.

Fundado em 26 de março de 1967, por Assis Chateaubriand, o MRA funcionou, inicialmente, no prédio onde hoje está instalado o Museu de Arte Contemporânea (MAC). Em 1995, foi incorporado ao Cuca.

Primeira instituição museológica do município, o Museu Regional destaca-se exatamente pela importância de seu acervo, constituído por obras de renomados artistas brasileiros e estrangeiros. Com a reinauguração, cujo projeto expográfico ficou a cargo do museólogo e diretor do MRA, Cristiano Silva Cardoso e equipe, com supervisão de Selma Soares de Oliveira, o público poderá voltar a contemplar, por exemplo, o valioso conjunto de obras assinadas por Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro, percussores do Movimento Modernista Brasileiro, além das coleções Inglesa, de arte Naïf e Nipo-Brasileira.

Segundo Selma, a ideia é montar a exposição através de um recorte do acervo histórico. “Vamos comemorar 48 anos de atuação institucional e contribuição para o imaginário cultural feirense. A noite de reinauguração contará com uma vasta programação, com a realização de performances, intervenções artísticas e recital do Grupo de Câmara do Cuca”, destaca.

 Com informações da Ascom/Uefs

quarta-feira, 18 de março de 2015

SHOW BENEFICENTE NO CUCA



Um show reunindo o que há de melhor na Música Popular Brasileira e ainda sucessos internacionais. É o que promete o cantor Toinho Campos para o próximo dia 28, no Teatro do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), a partir das 20h30. O acompanhamento, ao piano, ficará por conta do músico Tito Pereira.

No repertório, sucessos de Guilherme Arantes, Ivan Lins, Osvaldo Montenegro, Gonzaguinha, Benito de Paula, Gilberto Gil, Elis Regina e Lulu Santos, com incursões também pela música internacional, com destaque par a os sucessos de Fred Mercury. Vale lembrar que anualmente Toinho realiza um tributo a Lulu Santos.

O acesso ao show, que tem fins beneficentes, custará R$ 10,00, preço simbólico, já que o valor arrecadado será destinado às obras assistenciais da Sociedade de Educação Espírita Fabiano de Cristo. O ingresso pode ser adquirido por telefone (75.9206.7881/9132.3068).

Madalena de Jesus

segunda-feira, 16 de março de 2015

FIM DE IMPÉRIO: O REINADO DO COMENDADOR...

Alexandre Nero interpretou o Comendador José Alfredo na novela Império

Divido com minha amiga e inspiradora Alana Freitas o gosto por novelas. Por isso, não pensei duas vezes em publicar o seu texto sobre o final de Império, pedindo licença apenas para discordar da visão sobre a personagem Maria Marta. Rainha? Nunca. Deusa? Muito menos. Mas sim uma mãe “torta”, que priorizou um dentre três filhos, o educou de forma equivocada e o conduziu, deliberadamente, a tomar o lugar do pai. Como ela mesma disse, em um dos monólogos que só a grandeza da interpretação de Lília Cabral poderia traduzir. Sem falar que coube a ela retirar do Comendador, apesar de amá-lo incondicionalmente (?), o diamante que era a representação de sua força e proteção. O final não poderia ser diferente...

A consagração de uma personagem de novela pode ser medida quando ocorre com ele um processo metonímico, isto é, ele suplanta o título da trama. Nós não assistíamos à Avenida Brasil ou à Amor à vida, e sim à Carminha ou ao Félix. Tal processo repetiu-se agora com Império, foi e sempre será a novela do Comendador. Esse anti-herói por excelência, cheio de falhas morais, mas dotado de carisma inquestionável ganhou a simpatia dos brasileiros.

Como em outras tramas anteriores de sucesso semelhante, fica para a reta final um enigma: Quem é Fabrício Melgaço? Talvez a pergunta correta fosse: Quem são Fabrício Melgaço? Já que se tratou de uma conspiração formada por uma espécie de triunvirato disposto a destronar o rei. O primogênito é sempre o herdeiro preferencial na linha de sucessão do trono, sentindo-se ameaçado em seu direito nato, alimenta o ódio mortal contra o pai, somando-se a isso seu caráter pusilânime, foi facilmente cooptado por Silviano e Maurilio, outro herdeiro revoltado sem trono para herdar.

Dentro dessa disputa sucessória, o telespectador curioso teve um ganho cultural, termos incomuns no cotidiano, como regicídio, parricídio, suplício de Tântalo (alusão mitológica) surgiram na última semana para ilustrar a densidade do conflito familiar. É incomum os protagonistas morrerem no final, mas havia indícios de que isso aconteceria, o principal foi a quebra do diamante cor de rosa, o amuleto do rei garantia sua vitalidade e poder, uma vez quebrado tudo em sua volta se desagregou, por isso a pedra voltou para cena final com close em suas partes divididas.

A telenovela há muito deixou de ser apenas um veiculo de entretenimento, entorpecimento ou alienação como alguns preferem, ela também permite reflexões e revisões de padrões, sem perder o prazer delicioso da ficção. O casamento a três de Xana/Nana/Antônio, prefiro chamar de família a quatro, já que o elo era em torno da criança órfã, nos obriga a pensar em outros modelos familiares que podem compor um lar, tema também explorado vastamente pelo clã Bolgari que quebrou muitos tabus e terminou em harmonia total, enlarguecendo ao máximo o que parcamente entendemos como amor. Aliás, amor foi o motivo da redenção moral de vários personagens, dentre eles Magnólia, Robertão, Tuane, Orville e a fantástica Lorraine, que entrou na trama quase invisível e sai como uma gigante.

O recurso intertextual, ou a presença da citação, foi outro ponto muito bem costurado pelo autor, que, aliás, marcou presença no capítulo final, justamente diante de seu espelho quebrado, Teodoro Pereira. Mencionei anteriormente ecos shakespearianos, agora nesse final tivemos no casamento das irmãs a marca bíblica do casamento de Jacó/Raquel/Lia, cantado por Camões num dos seus mais belos sonetos.

A música foi condutora de outras homenagens, mais intratextuais que intertextuais, já que a citação vinha de obras do próprio autor ou de outras novelas. Dona de Roupa Nova, trilha sonora de Roque Santeiro, coroou a Rainha Marta (sempre torci por ela, uma deusa nos diálogos e uma titã nos monólogos), a cena do comendador nadando em dinheiro foi ilustrada com a música de Pedra sobre Pedra, cujo título e tema dispensam explicações.

No desfecho, a morte do Homem de Preto com Cartola ao fundo (presente também em Cidade de Deus), é uma menção à Pecado Capital, outra trama na qual o protagonista também morreu no final, num ambiente semelhante a uma fábrica abandonada. E há Pecado Capital maior que matar o pai? Embora não esteja entre os pecados que ameaçam a salvação, contraria um dos dez mandamentos! O pai fraquejou em matar o filho, mas o filho foi até o fim e terá que conviver com seu remorso, como sentenciou sua meia-irmã Cristina, e com a ascensão do irmão caçula, o herdeiro mais improvável.

O final foi cíclico, voltamos para o começo com um novo rei. E para ficar por aqui creio que continuaremos por muito tempo com o espectro do Comendador...Personagem “Fela da Puta!” E que venha Babilônia...dou um fio do meu bigode que vem aí mais um campeão de audiência...

(Alana Freitas, professora de Literatura, com comentário de Madalena de Jesus, professora e jornalista)

sexta-feira, 6 de março de 2015

VOCÊ SABE PONTUAR O QUE ESCREVE?


Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:
"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres".
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1. A irmã fez a seguinte pontuação:
"Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres".
2. O sobrinho chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres".
3. O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres".
4. Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres".
Moral da história:
A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Somos nós que fazemos sua pontuação.
E isso faz toda a diferença.

(Autor desconhecido)

quinta-feira, 5 de março de 2015

ESPELHO



Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo .
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...

Lya Luft