domingo, 19 de abril de 2015

CULTURA NORDESTINA, SIM SENHOR!

Balé Popular do Recife
Foto: Murilo Mascarenhas

Em 1977, quando foi convidado por Ariano Suassuna para dirigir um grupo de dança com o sugestivo nome Brincantes Populares, o pernambucano de Garanhuns André Madureira achou a ideia interessante. Ele só não sabia que  naquele momento estava iniciando o projeto de sua vida inteira. Hoje com 63 anos de idade, continua sendo o diretor artístico do Balé Popular do Recife, que completa 38 anos de fundação no mês que vem.

Na hora da apresentação, na noite de quinta-feira (16), no Centro de Cultura Amélio Amorim, ele não estava no palco, junto com os 14 bailarinos que durante uma hora mostraram toda a diversidade da cultura pernambucana. Mas era possível sentir a sua presença em cada coreografia, cada movimento, cada detalhe do figurino caracterizado pela mistura de cores e muito brilho. Bem do jeito da Mostra Sesc de Artes.

“Viva o frevo!” Gritava o coro dos bailarinos. E viva também o maracatu, o xaxado, a ciranda, a festa de reis, os caboclinhos e o mundo circense, completava André Madureira, por trás das cortinas, silenciosamente. O espetáculo, explica, é uma espécie de ritual, dividido em quatro ciclos: dança carnavalesca, quadrilha junina, afroamerindeo e festa natalina. “É o retrato da dança nordestina”, define.

Apesar do foco do espetáculo ser a cultura pernambucana, também integram o grupo bailarinos de outros estados, a exemplo de São Paulo e Pará. Mas o espírito nordestino, claro, fala mais alto inclusive para quem assiste a apresentação. O diretor, que também já foi bailarino, tem uma definição bem especial para essa modalidade artística que move a sua vida: “A dança é um lenitivo para a alma”. Quem há de duvidar?

Um aspecto bem interessante do espetáculo é a alegria transmitida pelos bailarinos em todos os momentos. Seja dançando forró ou quadrilha, seja apresentando uma performance sobre o cangaço – com direito a Lampião, Maria Bonita e espingardas – seja revivendo a figura folclórica do bumba meu boi. Com o sorriso estampado no rosto, eles até ensinam a dançar pó frevo: Na calcanhar e na ponta do pé...

“A alma sonha e a dança concretiza”, diz André Madureira, lembrando que o Balé Brasílica e o Brasil Brinquedo também buscam essa autenticidade das manifestações nordestinas. No Balé Popular, são sete homens e sete mulheres. Apenas. Mas o resultado é surpreendente até para ele, que já vai pensando na próxima apresentação, nem bem terminou o espetáculo. Coisas de diretor artístico.

Madalena de Jesus/Notre Comunicação

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