sexta-feira, 24 de julho de 2015

CANÇÃO DA CHEGADA



Roberval Pereyr



Desisto de mim, sou passado.
E fico só: meu legado
são estas dúvidas mortas.
E medito.
A solidão é um cacto.
E há desertos e álcoois
empoeirando a memória;
auras que emperram em minhas pálpebras.
(O meu rosto é um sertão suicida
de mitos tatuados com farpas).
Sim, desisto.
Pulverizo-me em forma de cartas
ao acaso lançadas, asas frágeis,
movidas por dilemas desiguais.

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