domingo, 9 de agosto de 2015

EU NÃO QUERO SER CUMPRIMENTADA NO DIA DOS PAIS



Eu confesso que nunca gostei de ser cumprimentada no Dia dos Pais, embora assumindo sem restrições a minha condição de mãe solteira, não por decisão, mas por circunstâncias que não vem ao caso mencionar. Na verdade achava meio estranho, afinal sou mãe e isso é tudo. Até porque conheço, como ninguém, o verdadeiro significado da palavra “PAI”. Essas três letras honradas em toda a plenitude por meu pai, Amílcar de Jesus, responsável por tudo que sei e sou.

E hoje, no tradicional segundo domingo de agosto do décimo primeiro ano sem a sua presença física, lembro de mais um de seus ensinamentos que carrego comigo o tempo inteiro. “Não tente ser pai e mãe, pois corre o risco de não conseguir ser nem uma coisa nem outra; seja mãe, e já está de bom tamanho”. E dizia mais, diante de meus argumentos nada convincentes: “Pois é, ser mãe já é tão difícil!”

E é mesmo. Mais do que nunca, sei disso. Sei também que, como pregava o sempre sábio Zinho, “tem situação em que pai é supérfluo”. Talvez eu discorde do termo e use outro, mais brando. Mas juro que ainda tenho dificuldade em entender o comportamento de algumas espécies masculinas diante da paternidade.

Alguns acham que ser pai é garantir as despesas; outros, que basta estar presente; há ainda aqueles que apenas amam, de longe; e enfim, os que simplesmente não acham nada... Este último, sem dúvida, o pior dos casos. Porque até mesmo o desamor é suportável, porém nada é capaz de apagar a dor causada pela indiferença e os estragos que a ausência deliberada na vida de um filho pode gerar.

Por isso, não me canso de render homenagens ao homem que consegue se fazer presente em todos os momentos de minha vida, mesmo depois que passou a viver em outra dimensão. Nesses 11 anos sem conviver com ele, pelo menos nesse plano, não há um dia sequer que não recorde os seus conselhos, não siga seus exemplos, não exercite o amor de filha exatamente como me ensinou. Na medida certa. E com todo respeito.

Madalena de Jesus

3 comentários:

  1. Me emocionei.
    Gente, vovô Zinho dava conselhos, lia muito e ainda me contava histórias que só os avôs sabem contar.

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  2. Parabééééns Madá, pelo maravilhooooso texto que escreveu, pois tem uma riqueza e sabedoria imensuráveis!!! Admiro você!!! Beijos em Bárbara e no seu netinho!!!

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  3. Concordo plenamente com você Mada. E um pai para ser presente nem sempre precisa estar junto fisicamente... também sinto a presença do meu mesmo ele estando em outra dimensão há 16 anos. E que fico claro, pai é pai, mãe é mãe... não tem como ser os dois.

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