segunda-feira, 28 de setembro de 2015

E ENTÃO, VAMOS AO TEATRO?




Foi lançado sexta-feira (25), no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), o livro "O teatro em Feira de Santana", do jornalista Geraldo Lima. E eu, com muito orgulho, assino a apresentação da obra, que resgata momentos marcantes da história cultural da cidade. O meu texto, como o próprio texto sugere, é apenas um preâmbulo.



O texto de abertura desta deliciosa obra, por si só, já vale a publicação de “O Teatro em Feira de Santana”, que acaba sendo também um pouco da vida da cidade, vista pelos olhos talentosos, criativos e, sobretudo, ousados daqueles que ao longo do tempo mantiveram acesa a chama dessa emoção compartilhada a cada encenação, entre quem está no palco e quem está na plateia. Percorremos caminhos trilhados outrora e ainda hoje, por meio dos recortes de momentos dessa manifestação cultural de forma intensa e citações de nomes que desafiaram a suposta aridez cultural do povo feirense e, literalmente, fizeram história.

O que Geraldo Lima propõe, com uma escrita firme e posições idem, é ver claramente o entusiasmo que emanava daqueles que se aventuravam no mundo mágico – e muitas vezes perigoso – do teatro. Perigoso, sim, porque a arte era uma “arma” poderosa contra as injustiças sociais, os desmandos políticos e até as mazelas da ditadura. Mas sem perder a sutileza das mensagens e a beleza da estética. Porque o teatro sempre foi, é e continuará sendo, para todo o sempre e em qualquer lugar, a mais pura manifestação artística e cultural.

Ao viajar pelas bem traçadas linhas do escritor, jornalista e homem de teatro, sem qualquer sentimento prévio de avaliação crítico-literária, até pela falta de competência para tanto, não nos é dado o direito de duvidar da importância desse segmento para formação da identidade cultural do feirense e de tantos quantos habitam a terra de Senhora Santana, vindos de qualquer lugar. O teatro, na visão do autor e certamente de todos que construíram essa vivência coletiva, é vida. Simples assim. Provavavelmente muito mais simples do que subir ao palco, com aquele frio na barriga experimentado a cada espetáculo.

Um aprendizado fundamental: o teatro não tem idade, bandeira partidária, preferência de cor ou credo, porque a sua linguagem é universal, a emoção. E é exatamente isso que o torna único, eterno – por que não? – e indispensável à formação para o pleno exercício da cidadania. Afinal, o teatro já existia mesmo antes do Brasil ser descoberto e chegou por aqui lá pelos idos de 1530. Isso mesmo, está lá, nos arquivos cuidadosamente recortados que compõem este livro. Para se ter uma ideia, já em 1800 era experimentado um significativo progresso das artes cênicas brasileiras.

Dados mostrados por meio de reportagens jornalísticas, entrevistas, artigos e poemas, escolhidos com inegável esmero, remetem não somente às manifestações culturais, como também a situações políticas e sociais vividas pela população feirense, como a visita de Ruy Barbosa à cidade, as inundações e a interdição do Teatro Margarida Ribeiro, os grandes espetáculos vistos nos palcos locais, a luta dos artistas por um teatro “de verdade” para dar visibilidade a seus projetos...

Ao descortinar tão importantes informações, sugestivamente divididas em atos (e não em capítulos), a maioria até restrita aos profisisonais diretamente ligados ao teatro, Geraldo Lima foi bem além da sua capacidade como ator/diretor. Ele foi essencialmente jornalista e amante de uma arte que atravessa os tempos com a mesma elegância, o mesmo dom de atrair pessoas de todas as matizes para um só lugar.  E, como ele bem diz, teatro deveria ser matéria obrigatória no currículo escolar. Mas enquanto essa ideia não se concretiza, vai aqui um convite para uma leitura mais que especial.

E então, vamos ao teatro?


Madalena de Jesus
Jornalista e Professora

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