sexta-feira, 9 de outubro de 2015

TIA NITA, A ETERNA RAINHA DA FEIJOADA


Durante 31 anos ela varou madrugadas a fio, à espera dos fregueses que chegavam das festas de todas as partes da cidade, para saborear a mais famosa feijoada de todos os tempos, feita ali mesmo, entre frutas e verduras. Anita Alexandrino de Jesus, hoje com 75 anos de idade, continua lá, no Centro de Abastecimento. E dos bons tempos, restam somente as lembranças das noitadas festivas.

Não tem mais a tradicional feijoada, mas o restaurante/lanchonete continua funcionando, mas apenas durante o dia. “À noite aqui ficou muito perigoso, ninguém tem coragem de ficar”, diz Tia Nita, que já não tem mais o vigor de décadas atrás. “Mas se o freguês quiser, eu faço” afirma, retomando o ar de autoridade naquilo que mais sabe fazer: trabalhar com comida.

A barraca já frequentada por artistas como Paulinho Boca de Cantor e integrantes da Banda Chiclete com Banana, e políticos como José Falcão – Foi ele quem me colocou aqui – lembra, com entusiasmo, Colbert Martins (o pai) e mais recentemente Zé Neto, não tem mais os mesmos atrativos. Aliás, a falta deles é que faziam da mesma um lugar especial para os frequentadores. Mas Tia Nita não fala isso com tristeza. 

Ao lado dos filhos Jurandir, 60 anos, e a filha Isonete, 34, que a acompanham desde o início, ela só demonstra descontentamento com a falta de cuidado com o Centro. “Estou abandonada”, resume. Atualmente, o funcionamento de sua barraca é de segunda-feira a sábado, das 5h às 16h. “Mas às vezes abrimos mais tarde”, admite Tia Nita, que em alguns momentos fraqueja, sim, mas nem pensa em se aposentar.

Natural da cidade de Ruy Barbosa a dona da feijoada mais saboreada por muitos anos chegou a Feira de Santana aos 10 anos de idade e ainda hoje mora no bairro jardim Acácia. Mesmo ainda tendo muita disposição para o trabalho – ela mostra as panelas cheias, não de feijão, mas de outros tipos de comida – tem plena consciência de que a crise veio para ficar. E nem as folhas de arruda penduradas na parede darão jeito.

Madalena de Jesus

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